Câmara Municipal tem de assumir postura radicalmente diferente na área da captação de investimento empresarial

Fórum Investimento “Por Braga”


Os “Juntos Por Braga” realizaram, no Hotel Mercure, o Fórum Investimento “Por Braga”. A iniciativa contou com a presença de Pedro Reis, Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal – Portugal Global (AICEP), Manuel Caldeira Cabral, Docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, e António Murta, Presidente da Comissão de Honra da Candidatura de Ricardo Rio. Este evento contou com uma grande adesão do público e em particular de muitos empresários Bracarenses, enchendo por completo o auditório do Hotel Mercure onde o Fórum se realizou.

Esta foi uma oportunidade para se discutirem e partilharem estratégias e experiências relativamente a uma das principais preocupações e prioridades dos “Juntos Por Braga” para o futuro da gestão municipal, a dinamização e promoção económica da cidade.

Durante a sua intervenção, Ricardo Rio salientou que uma Câmara Municipal que queira seguir este desígnio como prioritário não se pode ficar pelos “serviços mínimos”. “Para obtermos resultados, cabe à autarquia assumir uma postura radicalmente distinta no relacionamento com o tecido empresarial, com as associações empresariais, a Universidade e o polo de desenvolvimento ainda pouco explorado que é o Instituto de Nanotecnologia”, afirmou, sublinhando que se os agentes de desenvolvimento local se reunirem e trabalharem em conjunto, é possível oferecer aos investidores os factores de atractividade que estes procuram.

Segundo o líder dos “Juntos Por Braga”, é essencial que o executivo autárquico estabeleça uma relação próxima com as empresas instaladas no território, cooperando permanente com as mesmas e percebendo quais as suas preocupações diárias. “É incompreensível que quem tenha responsabilidades sobre a área das actividades económicas na Câmara Municipal esteja somente à boca das eleições a conhecer as realidades empresariais”, criticou, reforçando que a autarquia não tem cumprido o papel de facilitador que se exige e que não tem estado atenta aos pormenores que fazem “toda a diferença” para o funcionamento das empresas.

Ricardo Rio reafirmou que irá liderar o pelouro do desenvolvimento económico, indo ao encontro da ideia que tem defendido de que esta é uma tarefa que exige o mais alto envolvimento das entidades públicas. “Temos consciência de que esta não é uma questão que se resolva da noite para o dia ou até no espaço de um mandato autárquico, mas estamos a trabalhar num horizonte alargado de 10/12 anos e assumimos claramente como objectivo e desígnio fazer com que nesse horizonte Braga seja o principal destino de investimento do país, por via do dinamismo que aqui iremos criar”, assegurou, lamentando o facto de actualmente existirem empresas sólidas que, por falta de infraestruturas de qualidade na cidade, vêem os seus projectos de crescimento bloqueados.

Por fim, o candidato à Presidência da Câmara Municipal enfatizou que para o concelho ser atractivo para os empresários, é fundamental que exista também uma boa qualidade de vida. “Se isso não acontecer, e por muito que tenhamos politicas fiscais amigas das empresas ou incentivos para a fixação de empresas, não conseguiremos ser competitivos na captação de investimento”, concluiu.


Definição de uma estratégia a longo prazo é fundamental

Por seu turno, Pedro Reis, Presidente da AICEP, adiantou que a economia portuguesa tem vindo a registar uma subida nas exportações, que muito se deve à capacidade dos empresários em arriscar, tomar decisões e vencer os inúmeros bloqueios que ainda existem em Portugal à actividade empresarial.

De acordo com Pedro Reis, é essencial a aposta na captação de investimento, no financiamento, no combate à burocracia e a necessidade de se trabalhar consistentemente e a longo prazo o posicionamento do país. “Há muito por fazer em termos de políticas publica de captação de investimento, que é um processo que deve ser feito de uma forma cirúrgica. É essencial que se defina de uma vez por todas uma política económica e estratégias sectórias claras”, apontou, afiançando que hoje em dia ninguém sabe dizer o que o Portugal quer alcançar em vários sectores e que estratégia está a desenvolver: “É importante que se defina bem o posicionamento que queremos ter daqui a 10 anos e de que forma é que vamos interagir com os outros sectores. Temos de estar ao nível do esforço que as empresas estão a fazer”.

Pedro Reis acredita que Portugal tem condições de excepção para atingir patamares de maior sucesso na captação de investimento. “Temos um posicionamento geoestratégico ímpar, não há nenhum investidor que não esteja interessado no nosso acesso privilegiado aos mercados da África e da América Latina. Também não há nenhum investidor que não reconheça a qualidade espantosa dos nossos recursos humanos e que não valorize as nossas infraestruturas”, confirmou, afirmando que é necessário uma maior capacidade de acção e que a AICEP tudo está a fazer para dinamizar e modernizar o sector empresarial: “Mais vale ter a coragem de ser criticado mas ter a vontade de fazer alguma coisa”.

Também Manuel Caldeira Cabral, Professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, defendeu que é muito importante que uma autarquia trabalhe no sentido de garantir um conjunto de funcionalidades que possam atrair investimento. “Há um conjunto de medidas que podem ser implementadas e que fazem toda a diferença, como a constituição de estruturas de apoio às empresas e gabinetes de apoio ao investimento, facilitar o acesso a áreas com licenciamento e estruturas de acesso que as empresas industriais e os serviços precisam ou simplesmente falar com as empresas que têm problemas às vezes muito simples não têm interlocutores a quem possam apresentar as suas questões”, apontou.

Manuel Caldeira Cabral afirmou ainda que a aposta na exportação é crucial para o sucesso do país. “Nos próximos anos, o que o país pode crescer está muito relacionado com o que conseguirá exportar. Num país pequeno como Portugal, a internacionalização tem de estar presente com muita força, já que se as exportações não crescerem acima das importações, teremos uma fatura muito desagradável para pagar”, declarou.

O Professor da Escola de Economia e Gestão afirmou ainda que o mais comum é ver-se as autarquias a não fazerem nada em matéria de captação de investimento, com o argumento que isso depende sobretudo do Estado Central, atitude que considerou errada e que afirmou que não defende os interesses dos concelhos.

This entry was posted on 23 de julho de 2013. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

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