Câmara tem de aproveitar dinâmica cultural das Associações Bracarenses
No âmbito de um conjunto de contactos com diversos agentes culturais do concelho, que têm por finalidade estabelecer com eles uma política de diálogo e proximidade, Ricardo Rio visitou a Companhia de Teatro “Nova Comédia Bracarense”. Carlos Barbosa, Presidente da Companhia fundada em 1990, acompanhou Rio durante a iniciativa.
Esta visita permitiu ao líder do “Juntos Por Braga” perceber de forma mais detalhada o funcionamento e as dificuldades desta companhia de teatro amador. “Foi com grande satisfação que pudemos assistir a um excerto de um ensaio desta companhia e, de seguida, discutir com os seus elementos algumas ideias relativamente ao panorama do teatro e da cultura em Braga”, salientou Rio.
O candidato à Presidência da Câmara Municipal de Braga defendeu aqueles que devem ser alguns dos princípios de atuação da Câmara Municipal em matéria de relacionamento com os movimentos culturais, enfatizando que é “fundamental” que se trate com equidade e justiça as diversas instituições, reconhecendo o trabalho muito meritório que associações como a Nova Comédia Bracarense desenvolvem de há muitos anos a esta parte. “A Câmara Municipal tem que deixar claros os critérios dos apoios concedidos e que saber aproveitar a disponibilidade generosa de muitos que desenvolvem esta atividade de forma quase voluntária”, garantiu.
Fomentar a participação de novos públicos nas atividades culturais e, neste caso concreto, disseminar o gosto pelo teatro pela população são objetivos que, de acordo com Ricardo Rio, deveriam ser prioritários. “Só se a autarquia manifestar um verdadeiro interesse por estas questões se poderá voltar a potenciar uma verdadeira dinâmica cultural no Concelho. É essencial e urgente reforçar a oferta cultual concelhia através das políticas de descentralização cultural e de intercâmbios culturais entre os grupos de outros concelhos, de forma a promovermos uma cidade culta e onde a cultura seja um ativo estratégico capaz de fomentar a participação dos cidadãos”, acredita Rio.
Para além dos apoios pontuais aos espetáculos efetuados pela “Nova Comédia Bracarense” nas várias freguesias do concelho, o autarca do “Juntos Por Braga” considerou igualmente importante que seja dado um maior apoio logístico a estas coletividades, em matérias tão diversas quanto os meios técnicos, o transporte ou a promoção dos eventos.
A outro nível, Ricardo Rio quer que a atuação da Câmara “potencie o aproveitamento dos espaços existentes, sejam eles os auditórios de Juntas de Freguesia ou os equipamentos de maior envergadura, como é o caso do Parque de Exposições e do Theatro Circo”, sublinhou, afirmando que este último deve estar aberto para receber todas as instituições culturais do concelho.
Nova Comédia lamenta escassez de apoios municipais
Na ocasião, Carlos Barbosa afirmou que o teatro amador em Braga se limita a “três ou quatro grupos”. “É um autêntico deserto, não temos representatividade. Em tempos, tivemos em Braga um grupo forte de companhias, mas agora não existe qualquer dinâmica entre as companhias, nem se procede à descentralização do próprio teatro para as freguesias mais rurais do concelho”, desabafou.
Para o Presidente da Companhia “Nova Comédia Bracarense”, o desinteresse da autarquia é a principal razão para a escassez de atividade teatral em Braga. “A edilidade promove poucos espetáculos em função dos espaços que existem no nosso concelho. E se falarmos em termos de apoios, a situação é ainda pior, já que somos obrigados a recorrer a protocolos feitos com privados para sobreviver, o que fazemos com algumas dificuldades. Não existe um apoio anual que seja orçamentado e que nos permita desenvolver um trabalho com alguma dinâmica”, sublinhou Carlos Barbosa, que falou ainda de “discriminação” da sua companhia no momento de atribuição dos apoios: “São inúmeras as situações em que nos sentimos abandonados pela autarquia, tendo em conta que raras vezes somos apoiados e se fecham completamente ao diálogo connosco”.
No entanto, Carlos Barbosa acredita que existem condições para esta situação se alterar no futuro: “Se se fizer uma distribuição acertada, equilibrada e justa dos apoios - o que agora não acontece -, penso que o futuro não será assim tão problemático como se possa pensar. A cultura pode voltar a ver a luz ao fundo do túnel no nosso concelho”.
Neste momento, a Companhia Nova Comédia Bracarense está instalada no Centro Cívico de Palmeira, onde foram acolhidos “calorosamente”. “Viemos para este espaço a convite do Presidente da Junta, João Russell. O espaço é-nos cedido gratuitamente e temos tido todas as garantias para levar o nosso trabalho para a frente. Fica o agradecimento muito especial à Junta, sem a qual o nosso trabalho se tornaria muito mais complicado”, agradeceu Carlos Barbosa.
Atualmente encontra-se a decorrer o “Fest´Arte”, único festival de teatro amador a nível concelhio e que é organizado pela “Nova Comédia Bracarense”. “É um evento muito interessante porque nos permite trazer a Braga outras companhias, novas ideias e novas maneiras de fazer teatro”, afirmou, deixando o apelo a todos os interessados para assistirem ao Festival.
