REAP prepara-se para impor regras desadequadas em relação à realidade das explorações da região
No âmbito de um conjunto de visitas a agentes que atuam no sector primário do tecido económico local, Ricardo Rio visitou uma exploração agropecuária privada em São Pedro de Oliveira. Esta foi uma oportunidade para o líder do “Juntos Por Braga” conhecer de forma mais detalhada as dificuldades e apreensões dos proprietários de explorações. As crescentes dificuldades para aquisição de rações e as regras rígidas que em breve serão impostas pelo Regime do Exercício da Atividade Pecuária (REAP) são as principais preocupações dos proprietários, que temem mesmo pelo futuro dos seus negócios.
“A subida do preço das rações, que era já extremamente elevado e que tem vindo a subir de forma bem mais agravada do que o preço pelo pagamento do leite, é uma fonte de obstáculos para os proprietários deste tipo de explorações”, salientou Rio, recordando ainda que os valores pagos pelo preço do leite aos proprietários são considerados “muito baixos” em relação aos custos e investimento global do negócio: “Estes dois fatores juntos tornam muito complicada a sustentabilidade económica deste negócio”.
Mas a principal preocupação dos proprietários centra-se com as novas imposições do REAP, que se prevê que em breve introduza imperativos de qualificação das instalações que obrigam a investimentos de tal forma elevados que põem seriamente em causa a viabilidade das explorações agropecuárias na região. “As pessoas estão muito apreensivas com as alterações que se avizinham e que colocam em causa a própria continuidade dos seus negócios”, garantiu o candidato à Câmara Municipal de Braga, enfatizando que o quadro legal que se prepara para entrar em vigor está “desadequado” da realidade que se vive no Minho.
“Esta exploração que visitamos caracteriza-se por ser uma exploração intermédia, típica da nossa região e que se replica um pouco por todas as freguesias do concelho de Braga. É este o contexto do negócio na zona, pelo que é natural que os proprietários vejam com enorme preocupação a introdução de medidas que, face ao contexto, são muito difíceis ou mesmo impossíveis de pôr em prática”, garantiu Rio.
Nesse sentido, os exploradores esperam a colaboração e a intervenção das instituições responsáveis para melhorar o panorama da agropecuária na região. “Cabe também à autarquia a obrigação de amplificar estas problemáticas e de procurar sensibilizar o Ministério da Agricultura para esta situação, colaborando com o mesmo no sentido de encontrar soluções compatíveis e viáveis”, referiu Rio, sustentando qua a regulamentação foi pensada para a realidade de outras partes do país.
Da parte da autarquia, Rio referiu ainda que esta deve criar condições que facilitem e desonerem as obras de adaptação que os produtores poderão ter que desenvolver, assim como aproveitar estas explorações agropecuárias no sentido de as utilizar numa perspetiva de sensibilização da comunidade escolar.
O autarca do “Juntos Por Braga” chamou a atenção para o facto de terem encerrado recentemente um elevado número de explorações, sendo que as existentes vivem constantemente ameaçadas pelas dificuldades do mercado e pelas exigências desproporcionadas do REAP. Grande parte dos exploradores considera “menos penoso” encerrar as explorações do que suportar as alterações que o REAP exige.
Por fim, Ricardo Rio lembrou que a Agricultura e Pecuária são sectores que, ao longo do tempo, têm merecido uma atenção especial por parte do “Juntos Por Braga”, que sempre defenderam que a cidade tem de manter uma base económica diversificada e na qual são essenciais os sectores mais tradicionais. “Seja pelo peso que os mesmos ainda representam em matéria de emprego e criação de riqueza para muitas famílias do Concelho, seja pela necessidade de aproveitamento dos recursos existentes no meio rural, seja até por uma lógica de apoio à criação de fontes para a crucial auto-sustentação alimentar, estes são sectores que merecem a nossa profunda atenção e que sempre encontraram em nós um porta-voz das suas legítimas reivindicações”, concluiu.