Ricardo Rio defende apoios equitativos para todo o Desporto adaptado
Integrado no ciclo de contactos que os “Juntos Por Braga” têm promovido com diversos agentes da área social e que tem como finalidade estabelecer com eles uma política de proximidade e diálogo, Ricardo Rio visitou a Associação Portuguesa de Deficientes.
A APD foi criada em 1982 e trabalha no sentido de garantir a integração e inclusão na sociedade das pessoas com deficiência. “Fazemos o atendimento, acompanhamento e encaminhamento de pessoas com deficiência. Temos também um gabinete de apoio psicológico e social e desenvolvemos inúmeras atividades culturais, recreativas e desportivas”, disse Rosa Guimarães, Presidente da APD.
Durante a visita, foram abordadas de forma genérica um conjunto de questões que afetam a população deficiente como a mobilidade, os transportes ou as acessibilidades em edifícios públicos.
“Não é fácil conseguir que os deficientes tenham possibilidade de se deslocarem com facilidade e, dessa forma, serem verdadeiramente independentes. Braga já é uma cidade que oferece melhores condições e que tem algumas situações resolvidas, como é o caso da acessibilidade ao transporte, mas há ainda muita coisa para fazer”, afirmou a Presidente da APD.
Ricardo Rio referiu que é fundamental que exista um “cuidado permanente” da autarquia para que os deficientes possam ter as condições necessárias para levar uma vida normal. “A nível de acessibilidades as coisas nunca estão completamente resolvidas, é um trabalho constante. Há sempre algo que se pode fazer melhor, evoluções que é necessário acompanhar. Temos a obrigação de fazer com que a cidade tenha todas as condições para os deficientes terem uma vida sem restrições”, assinalou, chamando a atenção para o facto de alguns edifícios em Braga, alguns deles de construção recente, não disporem das acessibilidades ideais para os deficientes. “É algo que, por certo, merecerá um especial cuidado da nossa parte”, referiu Rio.
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Desporto adaptado é “aposta forte” da APD
Como explicou Rosa Guimarães, a associação efetua uma “aposta forte” no desporto adaptado como forma de inclusão social dos jovens. “Atualmente, temos 17 praticantes, sendo que os maiores êxitos têm disso obtidos na modalidade de Basquetebol em cadeira de rodas, onde a equipa soma vitórias e luta pelos lugares cimeiros da classificação”, afirmou, salientando que também dispõem de uma equipa de atletismo e que está “pronta a iniciar” a equipa de andebol.
“A prática de desporto é fundamental para os jovens porque permite-lhes sair do ambiente de isolamento em que muitas vezes se encontram. Ao mesmo tempo, desenvolvem capacidades e ganham competências que os próprios não sabiam que possuíam”, assegurou, garantido que, como consequência deste desenvolvimento físico e psicológico, os jovens com deficiência aumentam a “autoestima e confiança em si mesmos”.
Ricardo Rio aproveitou a oportunidade para voltar a exigir que todo o desporto adaptado disponha de um tratamento igual por parte da Câmara Municipal. “A APD não tem merecido um apoio efetivo por parte do executivo autárquico. Uma das prioridades que a Câmara deveria ter, numa lógica de equidade, era a de consignar um apoio equitativo a todas as modalidades e todas as instituições, e a APD não tem sido beneficiada com esse tipo de ajuda”, criticou, pedindo que o mesmo critério que foi usada pelo município para atribuir um subsídio de 50 mil euros ao Boccia do Sporting de Braga seja aplicado às restantes modalidades e associações.
O desporto adaptado da APD sobrevive sobretudo com o apoio financeiro das instituições privadas, que a associação vai tentando manter apesar da “conjuntura difícil” que o país atravessa. “Sempre que possível, tentamos também sensibilizar as entidades públicas, que pontualmente nos ajudam. No futuro, com certeza que esperamos que os apoios sejam maiores”, afirmou a Presidente da APD.
O candidato à Presidência da Câmara Municipal de Braga salientou que a APD tem desenvolvido um esforço “fantástico e merecedor de todos os elogios”: “Os resultados e as conquistas destes jovens no desporto adaptado são a prova inequívoco de que se lhes forem criadas as condições, podem ter sucesso e fazer exatamente o mesmo que as outras pessoas”
Nesse mesmo sentido, Rosa Guimarães referiu que o caminho está em incluir o desporto adaptado na mesma categoria do “desporto normal”. “Com o tempo, espero que esta distinção e separação deixe de fazer sentido. Mas até lá há um longo caminho a percorrer. Sempre que fazemos atividades de sensibilização para o público, as pessoas ficam admiradas com a capacidade destes jovens”, declarou.
“Desemprego é o maior flagelo”
Rosa Guimarães apontou o desemprego como o “maior flagelo” da população deficiente. “O estigma é enorme e deparamo-nos com taxas de desemprego altíssimas entre os deficientes, o que configura uma situação dramática para estas pessoas. Até porque sem emprego, não há inclusão social” lamentou a Presidente.
Segundo Rosa Guimarães, a principal dificuldade da associação está em “não conseguir encontrar respostas” para as necessidades de algumas pessoas. “Lidamos com casos muito graves de deficientes com enormes carências económicas e que não conseguem sequer adquirir os medicamentos de que necessitam. Da nossa parte, infelizmente, não temos os meios para as ajudar. Somente podemos encaminhar estas situações para as entidades responsáveis e prestar o apoio psicológico que estas pessoas tanto precisam”, desabafou.
Ricardo Rio enfatizou que, de forma a alterar-se esta situação, é essencial que se promovam ações de sensibilização junto de várias entidades para se chamar a atenção de toda a comunidade para estas realidades. “É preciso ultrapassar de uma vez por todas este estigma para que possamos ter uma sociedade cada vez mais inclusiva e solidária”, finalizou.
Braga, 23 de Fevereiro de 2013
“Juntos Por Braga”