Ordenamento do Território e Desenvolvimento das Cidades em debate



Afirmação do poder local é fundamental para o crescimento sustentável das regiões 


Ricardo Rio, líder do “Juntos Por Braga”, e Assunção Cristas, Vice-Presidente do CDS-PP, foram os oradores numa conferência subordinada ao tema “Ordenamento do Território/Desenvolvimento das Cidades”. A iniciativa realizou-se no Hotel Mercure - cujo auditório encheu por completo - e teve uma participação muito ativa do público, que ao longo da sessão levantou várias questões aos oradores. Assunção Cristas aproveitou ainda a visita a Braga para subscrever a candidatura de inscrição do Bom Jesus do Monte na Lista de Património Mundial.

Durante a sua intervenção, Ricardo Rio enfatizou que, nas atuais circunstâncias, é fundamental que exista uma afirmação crescente de um poder local “dinâmico” e capaz de concretizar os “anseios” dos cidadãos. “As dificuldades de gestão da administração central fazem com que a tendência natural seja o reforço da capacitação e das competências do poder local, com um maior equilíbrio na distribuição de recursos entre o que é gerido centralmente e localmente”, afirmou. 

Para o candidato à Presidência da Câmara Municipal de Braga, prevalece ainda uma lógica de centralização nas decisões e na atribuição de recursos em termos de investimentos que tem de ser rapidamente corrigida. “Essa é uma realidade que necessita de ser alterada, sob pena de se colocar em causa a capacidade de intervenção de cada uma das cidades e até o potencial de desenvolvimento de todo o território”, alertou, salientando que a lei das finanças locais não é capaz de estimular a “capacidade empreendedora e o espirito de iniciativa” das autarquias locais, de as “responsabilizar pela positiva” e também de permitir que não sejam tão dependentes de “estratégias erróneas” do ponto de vista do desenvolvimento local. 

Nesse mesmo sentido, Assunção Cristas notou que é importante ter-se bem presente a ideia de que o desenvolvimento “tem de nascer da base para o topo e não o contrário”. “É verdade que somos nós que temos as ferramentas legislativas e financeiras, mas estas têm de ser suficientemente desenhadas para irem ao encontro de uma amplitude diferente de situações, para um território que é diverso e muito diferente. Só dessa forma é que faz sentido o investimento e este se torna produtivo”. 

A Vice-Presidente do CDS-PP salientou que as redes e as parcerias que se estabelecem nas diversas regiões do país têm uma geometria necessariamente variável e que não cabe ao governo impor um modelo ou dizer como os fundos devem ser aplicados. “Queremos que as várias regiões tenham a liberdade para se organizarem da forma como melhor entenderem. O mais importante é deixarmos que as oportunidades sejam aproveitadas pelas diferentes zonas do país”, referiu, notando que quando os autarcas lhe perguntam o que pode fazer por uma qualquer zona do país, a sua resposta é invariavelmente a mesma: “Faremos aquilo que vocês forem capazes de fazer”.

Assunção Cristas lamentou ainda que, no passado, os investimentos não tenham tido o critério desejável, com muito dinheiro a ser gasto em projetos incapazes de se tornarem uma “âncora reprodutivo” dessas mesmas verbas. “E os portugueses perguntam-se: que emprego sustentável esse investimento criou? Que riqueza fundada criou para as regiões e populações? Que pessoas conseguiu atrair? A sensação que fica é que alguma coisa terá falhado, porque o investimento foi grande e o crescimento que esse investimento poderia potenciar nunca chegou a acontecer”, assegurou, garantindo que os erros do passado nãose podem repetir e que este é o momento para se fazer melhor e diferente. 


Estímulo da atividade económica é “prioridade das prioridades 

O líder do “Juntos Por Braga” expressou também o desejo de tornar a cidade mais competitiva e de apostar no estímulo da atividade económica, que considerou a “prioridade das prioridades”. “Seja por uma questão de geração e aproveitamento de recursos, seja pelo combate ao desemprego – que é um enorme flagelo social -, seja pela capacidade de fixação das populações e atratividade desses mesmos recursos, é essencial que Braga possa ser competitiva do ponto de vista económico”, garantiu, salientando que para atingir esse desígnio é fundamental uma ligação mais forte com a Universidade e com as associações empresariais e comerciais, assim como um reforço do investimento em termos de espaços de incubação de empresas e de captação de investimentos. 

Por fim, Rio chamou a atenção para o facto de Braga necessitar urgentemente de um conjunto de estratégias de crescimento que valorizem os seus focos de competitividade - e que nunca teve durante os anos de governação do executivo socialista da câmara. “Está na altura de recomeçar. A cidade cresceu sem saber para onde ia e sem saber como se poderia tornar mais rica, aproveitando os recursos que ia gerando. Temos de começar por definir uma visão da governação municipal a longo prazo e com objetivos claros e mensuráveis”, afirmou, criticando o facto de a autarquia continuar a esbanjar recursos de forma irresponsável e muito pouco rigorosa: “Não se pode gastar oito milhões de euros numa piscina olímpica que não sai da estrutura e que não serve absolutamente ninguém, ao mesmo tempo que se deixa fugir uma valência capaz de atrair enorme riqueza turística como era a Bracalândia. Isto releva o desnorte e a incapacidade da Câmara Municipal em gerir racionalmente os recursos que tem ao seu dispor”.

This entry was posted on 16 de março de 2013 and is filed under ,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

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