Futuro do Comércio numa Cidade com Futuro

Sabia que....

Ricardo Rio defendeu no passado ano de 2012 que a CM de Braga tem a “obrigação” de actuar no sentido de tornar a estrutura comercial da cidade, nomeadamente no centro histórico, mais “resistente e resiliente”? “Numa altura em que a própria conjuntura externa é adversa, com o país a atravessar uma grave crise económica, é essencial que a Câmara Municipal dê uma resposta adequada. É urgente o apoio ao comércio através da redução das taxas municipais e da disponibilização de soluções de estacionamento e de mobilidade para o centro da cidade, que tem uma área pedonal muito extensa e que se está a revelar prejudicial para os empresários”.

Estas foram algumas ideias defendidas por Ricardo Rio no âmbito de uma conferência realizada ano passado sobre a dinamização e criação de factores de atractividade no centro histórico, de modo a criar novas dinâmicas no comércio local e na habitação da zona histórica de Braga.

A Coligação “Juntos Por Braga”, juntamente com a Juventude Social-Democrata e a Juventude Popular, realizou uma conferência subordinada ao tema “O Futuro do Comércio numa cidade com Futuro”, a 29 de Novembro de 2012. A iniciativa decorreu no Seminário Conciliar de Braga e teve como objectivo discutir o futuro da actividade comercial nas suas várias vertentes em Braga. Esta conferência, inserida no âmbito do projecto “Braga 2025 – Reflectir Juntos, Por Braga”, pretendeu abordar o plano estratégico de desenvolvimento associada ao novo ciclo de governação municipal, através de um diálogo activo com os cidadãos, os agentes, os especialistas e os investigadores nas diversas áreas em questão.

O debate contou com a moderação de Ricardo Rio e teve como oradores José Rio Fernandes, Professor da Faculdade do Porto na área da Geografia Urbana, Rui Marques, Director-geral da Associação Comercial de Braga e Milton Araújo e José Manuel Gomes, empresários de Braga de distintos sectores de actividade.

As dificuldades cada vez maiores que estão a ser sentidas pelo comércio local para sobreviver no centro da cidade foi um dos principais temas abordados. A desertificação do centro de Braga e as dificuldades de acesso das pessoas ao centro histórico foram apontados como factores fundamentais para o declínio da actividade comercial.

Durante a sua intervenção, Ricardo Rio afirmou que a Câmara Municipal de Braga tem “obrigação” de actuar no sentido de tornar a estrutura comercial mais “resistente e resiliente”. “Numa altura em que a própria conjuntura externa é adversa, com o país a atravessar uma grave crise económica, é essencial que a Câmara Municipal dê uma resposta adequada. É urgente o apoio ao comércio através da redução das taxas municipais e da disponibilização de soluções de estacionamento e de mobilidade para o centro da cidade, que tem uma área pedonal muito extensa e que se está a revelar prejudicial para os empresários”, disse o líder da Coligação.

Nesse sentido, também Milton Araújo e José Manuel Gomes, empresários com negócios no centro de Braga, enfatizaram a necessidade de um maior apoio ao comércio local. “Existe uma crescente procura de espaços para habitação no centro histórico e, em termos comerciais e não só, era muito importante que se conseguisse que as pessoas voltassem a viver no centro da cidade. “Eu pergunto: Quantas pessoas morarão actualmente na Rua do Souto”, afirmou José Manuel Gomes, que destacou ainda a escassa iluminação, que cria graves problemas de segurança, como outro factor que a Câmara Municipal tem de alterar. Já Milton Araújo destaca a desvantagem que advém do facto de o estacionamento ser pago no centro: “O estacionamento pago é um grande obstáculo e até uma injustiça concorrencial. Se pensarmos que um consumidor vai ao centro comprar um produto e tem pagar um acréscimo de cerca de cinco euros de parque, quando pode ir a um centro comercial envolvente, chegamos à conclusão que os centros comerciais têm grande vantagem”

Mas para Ricardo Rio, a questão central está mesmo na capacidade de criar animação e factores de atractividade que diferenciem o centro de todos os outros espaços comerciais existentes nas redondezas da cidade. “Se isso for conseguido, quem visita o centro da cidade vai viver uma experiência diferente, distintiva e motivadora, e mais importante ainda, vai ficar com vontade de voltar”, acredita Rio, que salientou também que a responsabilidade de animação do centro de Braga deve ser assumida pela Câmara Municipal em diálogo e em parceria com os agentes no terreno, como por exemplo a Associação Comercial de Braga.
Numa óptica mais estratégica para o futuro, Ricardo Rio defendeu a necessidade de se promover uma dinâmica artística e cultural maior em Braga. “Queremos uma cidade em ebulição, onde os eventos e as oportunidades de atrair pessoas se sucedem”, afirmou, notando que só dessa forma é possível atrair visitantes para a cidade e impulsionar o comércio e a actividade económica.


“Esta é a altura certa para as lojas novas e os conceitos novos surgirem no centro da cidade”

Por sua vez, José Rio Fernandes, Professor da Faculdade do Porto, destacou que para se fazer uma gestão urbana competente e eficaz, deve-se perceber como podem ser usadas as características de determinas áreas para as desenvolver. Assim sendo, e do ponto de vista do crescimento da economia e do impulso da actividade comercial, Rio Fernandes defendeu a renovação do centro. “Actualmente, o centro de Braga está pensado da mesma forma que um centro comercial, com estacionamento em baixo e área para circular a pé em cima. Este é um caminho errado, o sucesso vem da diferenciação. É essencial surgirem outras formas de mobilidade no centro, nomeadamente com transportes colectivos. O centro tem de se destacar pela diferença”.

Para o docente da Faculdade do Porto, a lógica dos espaços confortáveis e todos iguais está a cansar, e o centro de Braga tem de saber aproveitar esta tendência. “Esta é a altura certa para as lojas novas e os conceitos novos surgirem no centro da cidade, que tem de se destacar pela humanização e proximidade aos cidadãos”, concluiu.

Essa foi uma opinião também partilhada por Rui Marques, Director-Geral da Associação Comercial de Braga, que afirmou que o comércio no centro, para ter sucesso, deve ter uma oferta “diversificada e rica”, o que aliado à sua moldura histórica criará um espaço privilegiado e distintivo para os consumidores efectuarem as suas compras e, simultaneamente, visitarem e fruírem de múltiplos locais de interesse turístico, memorável e lúdico.

De acordo com Rui Marques, o sucesso do comércio no centro histórico depende da “capacidade de adaptação” às transformações e mudanças sociais, às novas exigências do mercado, bem como, à capacidade de criar uma “proximidade afectiva” com os consumidores e prestar um verdadeiro serviço de excelência.

A finalizar, o líder do “Juntos Por Braga” reiterou a sua confiança na reabilitação do centro de Braga e criticou a conduta “passiva” da Câmara Municipal. “Há muito por fazer e vamos continuar a lutar no dia-a-dia por aquilo em que acreditamos. E ao contrário da maioria socialista, nós não acreditamos nem queremos uma cidade fantasma. Não podemos mais aceitar que artérias principais da cidade como a Rua do Souto estejam completamente vazias a partir das 18 horas. Devolver a vida ao centro, até a nível habitacional, é sem dúvida, uma das nossas prioridades”, disse Ricardo Rio.

This entry was posted on 26 de maio de 2013 and is filed under ,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

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